O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 68 / 279

seja em Paris sem ter sabido pelos amigos da casa a história do marido, a da mulher ou das crianças, para não cometer nenhuma dessas asneiras das quais se diz pitorescamente na Polónia: Atrelai cinco bodes à sua carroça! talvez para sair do mau passo onde se atolou, Se essas desgraças da conversa ainda não têm nome em' França, sabe-se que elas existem, devido à enorme publicidade que as maledicências lá têm. Após se ter ato lado na casa da senhora de Restaud, que nem lhe tinha dado tempo de atrelar os cinco bodes à carroça, só Eugène podia voltar a desempenhar o seu papel de boieiro, apresentando-se na casa da senhora de Beauséant. Mas se tinha horrivelmente incomodado a senhora de Restaud e o senhor de Trailles, proporcionou um grande alívio ao senhor de Ajuda-Pinto.

- Adeus - disse o português, apressando-se para chegar à porta quando Eugène entrou num pequeno salão elegante, cinza e rosa, onde o luxo era apenas pura elegância.

- Mas até logo à noite - disse a senhora de Beauséant virando a cabeça e deitando um olhar ao marquês. - Não vamos ao Teatro?

- Não posso - disse, pegando na maçaneta da porta.

A senhora de Beauséant levantou-se, chamou-o para junto dela, sem prestar a mínima atenção a Eugène, que, de pé, tonto com o cintilar de uma riqueza maravilhosa, acreditava na realidade dos contos árabes e não sabia onde se meter, encontrando-se na presença dessa mulher sem dela ser notado. A viscondessa tinha levantado o indicativo da mão direita e com um belo movimento designava ao marquês um lugar para se sentar em frente dela. Houve nesse gesto um tão violento despotismo de paixão que o marquês largou a maçaneta da porta e veio. Eugène mirava-o não sem sentir uma certa inveja.

«Aqui está», pensou ele «o





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