Tufão - Cap. 4: IV Pág. 64 / 103

O marinheiro não disse nada.

O furacão troava, sacudindo o pequeno compartimento, que parecia impermeável ao ar; e a luz da bitácula tremeluzia constantemente.

- Você não foi rendido - continuou o capitão MacWhirr, baixando os olhos. - Mas eu quero que continue ao leme enquanto lhe for possível. Você apanhou-lhe o jeito. Se viesse para aqui outro homem era capaz de deitar tudo a perder. Não resultava. Isto não é nenhuma brincadeira de crianças. E os marinheiros estão provavelmente ocupados noutras tarefas lá em baixo... Você acha que consegue?

O aparelho do leme desatou a crepitar abruptamente, parou a fulgurar como um tição; e o homem imóvel, com um olhar fixo, explodiu como se toda a paixão contida no seu peito se escapasse pelos lábios.

- Pelo amor de Deus, sir! Consigo ficar aqui todo o tempo que for preciso desde que ninguém fale comigo.

- Oh! Sim! Muito bem... - O capitão ergueu os olhos pela primeira vez para o homem -... Hackett.

E pareceu não pensar mais naquele assunto. Debruçou-se para o tubo de comunicação com a casa das máquinas e baixou a cabeça. O senhor Rout respondeu lá de baixo e o capitão MacWhirr colou imediatamente os lábios ao bocal.

Com o rugir da tempestade em volta o capitão aplicou alternadamente os lábios e os ouvidos e a voz do primeiro-maquinista subiu até ele, áspera e como se no calor de uma refrega. Um dos fogueiros estava posto fora de combate, os outros tinham desistido, o segundo-maquinista e o fogueiro do motor auxiliar estavam a alimentar as fornalhas. O terceiro-maquinista estava atento a uma válvula de vapor. As máquinas estavam sob controlo. E como iam as coisas lá em cima?

- Bastante mal. A coisa depende principalmente de si - disse o capitão MacWhirr. O imediato já lá tinha chegado? Não? Bem, não tardaria a aparecer.





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