O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 1: A Aventura da Casa Vazia Pág. 11 / 363

Por instantes, pensei que tivesse sido um acidente, mas momentos depois, ao olhar para cima, vi a cabeça de um homem recortada contra o céu que escurecia e uma outra rocha bateu na rocha saliente onde eu estava deitado, a trinta centímetros da minha cabeça. É claro que o significado disto era óbvio. Moriarty não fora sozinho. Um cúmplice... e bastou-me vê-lo de relance para me aperceber de que esse cúmplice era um homem perigoso... ficara de guarda enquanto o professor me atacava. À distância, e sem eu o ter visto, testemunhara a morte do amigo e a minha fuga, Esperara, dirigira-se ao topo do penhasco e tentara conseguir aquilo em que o seu camarada falhara.

»Não fiquei muito tempo a pensar nisso, Watson. Voltei a ver o rosto sinistro no topo do penhasco e percebi que outra rocha se seguiria. Desci rapidamente até ao carreiro, Não creio que o tivesse conseguido fazer a sangue-frio. Foi cem vezes mais difícil que subir. Mas não tinha tempo para pensar no perigo; pois outra rocha zuniu junto de mim enquanto eu ficava pendurado pelas mãos na saliência. A meio caminho, escorreguei mas, pela graça de Deus, caí, a sangrar e com a roupa toda rasgada, no carreiro. Lancei-me a correr, percorri mais de dez quilómetros pelas montanhas na escuridão e, uma semana mais tarde estava em Florença, com a certeza de que ninguém no mundo sabia o que me acontecera.

»Tive apenas um confidente... o meu irmão Mycroft. Devo-lhe imensas desculpas, meu caro Watson, mas era extraordinariamente importante que se pensasse que eu estava morto, e é quase certo que você não teria escrito um relato tão convincente do meu desafortunado fim se não pensasse que era verdade. Por várias vezes durante os últimos três anos, peguei na caneta para lhe escrever, mas receei sempre que a afectuosa estima que tem por mim o fizesse cair na tentação de cometer qualquer indiscrição que traísse o meu segredo.





Os capítulos deste livro