O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 10: A Aventura do «Pince-Nez» Dourado Pág. 252 / 363

É doente e raramente sai da cama. Quando o faz só consegue andar pela casa com dificuldade, apoiado numa bengala, ou é levado numa cadeira de rodas para o jardim pelo jardineiro, para aí dar umas voltas, empurrado por este. Os vizinhos que o iam ver gostavam dele e tem na zona reputação de ser um homem muito culto. Os seus criados são uma governanta idosa, a Srª Marker e uma criada, Susan Tarlton. Estão com ele desde a sua chegada e parecem ser mulheres de bom carácter. O professor está a escrever um livro erudito e considerou necessário, há cerca de um ano, contratar um secretário. Os dois primeiros que lhe apareceram não lhe serviram, mas o terceiro, o Sr. Willoughby Smith, um jovem muito recto, recém-saído da universidade, parecia ser exactamente aquilo que o professor queria. O seu trabalho consistia em escrever o que o professor lhe ditava durante toda a manhã e costumava passar a tarde a procurar referências e citações para o trabalho do dia seguinte. Este tal Willoughby Smith não tinha nada que desabonasse o seu carácter, quer como rapaz em Uppingham, quer corno estudante em Cambridge. Vi as suas referências e foi sempre considerado um tipo calado, trabalhador, sem qualquer ponto fraco. E, no entanto, foi este jovem que morreu esta manhã no escritório do professor em circunstâncias que apontam indubitavelmente para assassínio.

O vento uivava e batia contra as janelas. Holmes e eu aproximámo-nos mais da lareira, enquanto o jovem inspector desenrolava, ponto por ponto, a sua singular narrativa.

- Se procurássemos em toda a Inglaterra - disse -, creio que não encontraríamos uma casa mais voltada para si mesma ou mais livre de influências exteriores. Passavam-se semanas sem que nenhum dos seus moradores passassem o portão do jardim.





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