- Ora esta, ora esta... voltamos aos correios! - Holmes suspirou, maçado. - Um telegrama urgente foi-lhe enviado de Londres por Godfrey Staunton às seis e um quarto de ontem à tarde... um telegrama que está sem dúvida associado ao seu desaparecimento e, no entanto, o senhor não o recebeu. É de facto gravíssimo. Irei aos correios apresentar uma queixa.
O Dr. Leslie deu um salto da cadeira com o rosto roxo de fúria.
- Agradeço-lhe que saia da minha casa, senhor - disse. - Pode dizer ao seu cliente, Lorde Mount-James, que não quero ter nada a ver com ele ou com os seus agentes. Não, senhor... nem mais uma palavra. Tocou furiosamente à campainha. - John, acompanhe estes senhores à porta! - Um pomposo mordomo levou-nos com uma expressão severa até à porta e vimo-nos na rua. Holmes desatou a rir.
- Não há dúvida de que o Dr. Leslie Armstrong é um homem de energia e carácter - disse. - Nunca vi um homem, se tivesse aplicado o seu talento nesse ramo, mais talhado para preencher a lacuna deixada pelo ilustre Moriarty. E agora, meu pobre Watson, aqui estamos, abandonados e sem amigos, numa cidade inóspita, que não podemos abandonar sem abandonar simultaneamente o nosso caso. Aquela pequena estalagem em frente da casa de Armstrong parece corresponder às nossas necessidades. Se não se importar de reservar um quarto que dê para a frente e comprar aquilo de que precisamos para aqui passarmos a noite, eu talvez ainda tenha tempo de fazer algumas investigações.
Estas investigações foram, contudo, mais demoradas do que Holmes calculara, pois só regressou à estalagem perto das nove da noite. Estava pálido e abatido, cheio de pó e exausto de fome e de cansaço. Uma ceia fria aguardava-o sobre a mesa e, depois de se recompor, já com o cachimbo aceso, mostrou-se pronto a encarar a situação da sua habitual forma meio cómica, meio filosófica das alturas em que as coisas não lhe corriam bem.
