Alma - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 6 / 51

Quando se medita profundamente, sentimos certa opressão nos órgãos da cabeça, logo a alma intelectual está no cérebro. Sem respirar não é possível a vegetação e a vida; logo, a alma vegetativa está no peito, que recebe o sopro do ar. Quando os homens viram em sonhos seus pais e amigos mortos, dedicaram-se a estudar o que lhes havia aparecido. Não era corpo, porque o havia consumido uma fogueira, o mar o tinha tragado e havia servido de pasto aos peixes. Isso, não obstante, sustinha que algo lhes havia aparecido, posto que o tinham visto; o morto havia-lhes falado e o que estava sonhando lhes dirigia perguntas. Com quem haviam conversado dormindo? Se imaginaram que era um fantasma, uma figura aérea, uma sombra, os manes, uma pequena alma do ar e fogo extremadamente delicada, que vagava por não sei onde.

Andando o tempo, quando quiseram aprofundar este estudo, convencionaram que tal alma era corporal, e esta foi a ideia que dela teve a antiguidade. Chegou depois Platão, que utilizou essa alma de tal maneira que se chegou a suspeitar que a separou quase completamente da matéria; porém esse problema não se resolveu até que a fé veio iluminar-nos.

Em vão os materialistas alegam que alguns pais da Igreja não se expressaram com exatidão. Santo Irineu diz que e alma é o sopro da vida, que só é incorporal se comparada ao corpo dos mortais, porém que conserva a figura de homem para que se a reconheça.

Tertuliano se expressa deste modo: «A corporalidade da alma ressalta no Evangelho; porque se a alma não tivesse corpo, a imagem da alma não teria imagem corpórea».





Os capítulos deste livro