No fundo, porta que dá para as oficinas e aposentos que ocupam o resto dos baixos do palácio. É alta noite.
CENA I
MANUEL DE SOUSA
sentado num tamborete ao pé da mesa, o rosto inclinado sobre o peito, os braços caídos e em completa prostração de espírito e corpo; num tamborete do outro lado, JORGE, meio incostado para a mesa, com as mãos postas e os olhos pregados no irmão:
MANUEL
- Oh, minha filha, minha filha! (Silêncio longo.) Desgraçada filha, que ficas órfã!… órfã de pai e de mãe… (pausa) e de família e de nome, que tudo perdeste hoje… (Levanta-se com violenta aflição.) A desgraçada nunca os teve. Oh, Jorge, que esta lembrança é que me mata, que me desespera! (Apertando a mão do irmão, que se levantou após dele e o está consolando do gesto). É o castigo terrível do meu erro… se foi erro… crime sei que não foi.