E sabe-o Deus, Jorge, e castigou-me assim, meu irmão!
JORGE
- Paciência, paciência: os seus juízos são imperscrutáveis.
(Acalma e faz sentar o irmão; tornam a ficar ambos como estavam.)
MANUEL
- Mas eu em que mereci ser feito o homem mais infeliz da terra, posto de alvo à irrisão e ao discursar do vulgo?… Manuel de Sousa Coutinho, o filho de Lopo de Sousa Coutinho, o filho de nosso pai, Jorge!
JORGE
- Tu chamas-te o homem mais infeliz da terra… Já te esqueceste que ainda está vivo aquele…
MANUEL
(caindo em si)
- É verdade. (Pausa: e depois, como quem se desdiz.) Mas não é nem tanto: padeceu mais, padeceu mais longamente e bebeu até às fezes o cálix das amarguras humanas… (Levantando a voz.) Mas fui eu, eu que lho preparei, eu que lho dei a beber, pelas mãos…