A Escrava Isaura - Cap. 11: Capítulo 11 Pág. 87 / 185

- Onde se sumiriam? - vinha ele murmurando; - teriam tido a triste lembrança de se irem embora?... oh! não; felizmente ei-los ali! - exclamou alegremente, dando com os olhos nos dois personagens que acabamos de ouvir conversar. - D. Elvira, V. Ex.ª. é modesta demais; vem esconder-se neste recanto, quando devia estar brilhando no salão, onde todos suspiram pela sua presença. Deixe isso para as tímidas e fanadas violetas; à rosa compete alardear em plena luz todos os seus encantos.

- Desculpe-me, - murmurou Isaura - uma pobre moça criada como eu na solidão da roça, e que não está acostumada a tão esplêndidas reuniões, sente-se abafada e constrangida...

- Oh! não... há de acostumar-se, eu espero. As luzes, o esplendor, as harmonias, os perfumes, constituem a atmosfera em que deve brilhar a beleza, que Deus criou para ser vista e admirada. Vim buscá-la a pedido de alguns cavalheiros, que já são admiradores de V. Ex.ª. Para interromper a monotonia das valsas e quadrilhas, costumam aqui as senhoras encantar-nos os ouvidos com alguma canção, ária, modinha, ou seja o que for. Algumas pessoas a quem eu disse, - perdoe-me a indiscrição, filha do entusiasmo - que V. Ex.ª possui a mais linda voz, e canta com maestria, mostram o mais vivo desejo de ouvi-la.

- Eu, senhor Álvaro!... eu cantar diante de uma tão luzida reunião!... por favor, queira dispensar-me dessa nova prova. É em seu próprio interesse que lhe digo; canto mal, sou muito acanhada, e estou certa que irei solenemente desmenti-lo. Poupe-nos a nós ambos essa vergonha.

- São desculpas, que não posso aceitar, porque já a ouvi cantar, e creia-me, D. Elvira, se eu não tivesse a certeza de que a senhora canta admiravelmente, não seria capaz de expô-la a um fiasco.





Os capítulos deste livro