O ventre cresceu-me e as pessoas em cuja casa habitava perceberam-no e começaram com insinuações, dando-me a entender, o mais claramente que a boa educação permitia, que devia pensar em mudar-me. A minha preocupação aumentou e tornei-me muito melancólica, pois não sabia que fazer. Tinha dinheiro, mas faltavam-me amigos e via-me na iminência de me encontrar sozinha, com um filho para manter, dificuldade que nunca enfrentara, como se depreende dos pormenores do que até aqui narrei.
Entretanto senti-me muito doente e a minha melancolia agravava os meus achaques. Provou-se, por fim, que padecia apenas de uma febre, mas o meu receio era abortar. Não devia dizer receio, pois na verdade teria fi- cado muito contente se abortasse, embora nunca houvesse pensado, se- quer, em provocar o aborto ou em tomar alguma coisa que o provocasse. Apavorava-me semelhante ideia.
No entanto, falei onde morava nas minhas apreensões e a dona da casa ofereceu-se para mandar uma parteira. Hesitei, ao princípio, mas acabei por consentir, dizendo-lhe embora que não conhecia nenhuma e deixava isso ao seu cuidado.
Parece que, afinal, a dona da casa não era tão ignorante de casos idênticos ao meu como eu a princípio supusera - e como em breve se verá -, pois mandou chamar uma parteira do tipo adequado - isto é, do tipo adequado à minha condição.