A Vida Amorosa de Moll Flanders - Cap. 2: A vida amorosa de Moll Flanders Pág. 173 / 359

Assim, excluindo ambas essas parcelas, o parto custar-lhe-á apenas mais cinco libras e três xelins do que as suas despesas habituais de manutenção.

Nunca ouvira nada tão razoável e, por isso, sorri-lhe e disse-lhe que seria sua cliente, mas acrescentei que, visto faltarem-me ainda mais de dois meses para o fim do tempo, talvez precisasse de ficar em sua casa mais que os três meses previstos. Desejava, portanto, saber se não seria obrigada a mandar-me embora antes de ser conveniente. Respondeu-me que não, que a sua casa era grande e, além disso, nunca mandava embora as parturientes antes de elas o desejarem. Se tivesse mais senhoras interessadas, não era tão pouco estimada pelos vizinhos que não conseguisse acomodações para vinte, se preciso fosse.

Verifiquei que era uma mulher notável, à sua maneira, e, em resumo, resolvi entregar-me nas suas mãos e assim lho prometi. Falou então de outras coisas, observou as minhas acomodações e achou que me faltavam comodidades e melhor tratamento. Na sua casa não seria tratada assim, afirmou. Respondi-lhe que tinha vergonha de falar porque a dona da casa se mostrava diferente, ou pelo menos assim me parecia, desde que eu adoecera, em virtude de estar grávida, e que receava me insultasse se me mostrasse exigente.

- Oh, minha querida, a dona da casa está habituada a estas coisas! - exclamou a parteira. - Tentou várias vezes receber senhoras no seu estado, mas não conseguiu dar as necessárias garantias à paróquia. Além disso, não é uma pessoa tão distinta como a senhora imagina... No entanto, como vai partir, não lhe diga nada, pois providenciarei para que seja um pouco mais bem tratada enquanto aqui estiver, sem que tenha de pagar mais por isso.

Não compreendi bem onde queria chegar, mas agradeci-lhe e despedimo-nos.





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