A Vida Amorosa de Moll Flanders - Cap. 2: A vida amorosa de Moll Flanders Pág. 185 / 359

Mas pareceu-me tão longe e com tão poucas probabilidades de se informar a meu respeito que me julguei em segurança. Em resumo, consenti que ficasse com o meu filho e dei-lhe as dez libras, isto é, dei-as à minha governanta, a qual, por sua vez, as entregou à pobre mulher, na minha presença, e esta comprometeu-se a nunca me devolver a criança nem a exigir mais nada para a sua manutenção e educação. Prometi-lhe, porém, que, se tomasse bem conta dela, lhe daria mais alguma coisa sempre que a fosse ver, Não fiquei, assim, obrigada a pagar as cinco libras, ainda que tivesse prometido à minha governanta fazê-lo. A minha grande preocupação terminou desta maneira, embora não totalmente; não satisfazia por completo o meu espírito, mas era a mais conveniente para mim, tendo em vista a situação em que me encontrava e que na altura não se arranjaria solução melhor.

Comecei então a escrever ao meu amigo do banco num estilo mais terno, e em princípios de Julho enviei-lhe uma carta dizendo que tencionava chegar à capital em Agosto. Respondeu-me nos termos mais apaixonados que é possível imaginar, rogando-me o avisasse com tempo, para que pudesse ir ao meu encontro a dois dias de viagem. Esta proposta inquietou-me e não soube que pensar dela. Resolvi meter-me na diligência para West Chester, apenas para poder regressar e para que ele me visse vir, de facto, na diligência, pois, ainda que não tivesse motivos para isso, atormentava-me o inquietante pressentimento de que ele pensava que eu não me encontrava, como dizia, na província. Como vereis adiante, esse pressentimento não era de todo infundado.

Debalde tentei libertar-me de semelhante pensamento; a impressão cravara-se tão profundamente no meu espírito que não conseguia arrancá-la.





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