Por fim a minha velha governanta disse-me, com a habitual convicção: - Arranjei uma maneira de se certificar de que o seu filho será bem tratado sem que as pessoas que tomarem conta dele a conheçam ou saibam que é a mãe do pequeno.
- Oh, mãe, se o conseguir, ficar-lhe-ei eternamente agradecida!
- Está disposta a arcar com uma pequena despesa anual, maior do que é costume darmos às pessoas com quem trabalhamos? - perguntou-me. - De todo o coração, desde que fique incógnita.
- Quanto a isso, não tenha receios, pois a ama não ousará sequer indagar nada a seu respeito. Uma ou duas vezes por ano irá comigo ver o seu filho, verificar como o tratam e certificar-se de que se encontra em boas mãos, sem que ninguém saiba quem a senhora é.
- Acha que, quando vir o meu filho, serei capaz de ocultar que sou a sua mãe? Imagina isso possível?
- Mesmo que não o oculte, a ama ficará na mesma, pois ser-lhe-á proibido fazer quaisquer perguntas a seu respeito ou reparar no que se passa. Se desobedecer, perderá o dinheiro que a senhora devia dar-lhe e ser-lhe-á também tirada a criança.
Fiquei muito satisfeita com a sugestão e na semana seguinte chegou uma camponesa de Hertford, ou arredores, a fim de nos livrar inteiramente da criança por dez libras em dinheiro. Se, porém, me dispusesse a entregar-lhe mais cinco libras por ano, seria obrigada a trazer o menino a casa da minha governanta tantas vezes quantas desejássemos, ou iríamos nós vê-lo e verificar se o tratava bem.
A mulher tinha um ar muito sadio e simpático e, apesar de camponesa, vestia boas roupas e tinha bom aspecto. Deixei-a levar o meu filho, com o coração pesado e muitas lágrimas. Estivera já em Hertford, para a ver e à sua casa, de que gostara muito, e, como lhe prometi muitas coisas se fosse boa para o pequenito, ficou logo a saber que era eu a sua mãe.
