A Vida Amorosa de Moll Flanders - Cap. 2: A vida amorosa de Moll Flanders Pág. 186 / 359

Por fim, como que a fortalecer a minha intenção de partir, ocorreu-me que seria uma excelente maneira de iludir a minha governanta e de ocultar por completo os meus outros assuntos, pois ela não fazia a mínima ideia se o meu novo apaixonado vivia em Londres, se no Lancashire, e, quando lhe participei a minha resolução, convenceu-se de que era no Lancashire.

Feitos os necessários preparativos para a viagem, informei-a da minha partida e mandei a criada que me servira comprar-me passagem na diligência. Por sua vontade, a rapariga continuaria a servir-me até ao fim e regressaria depois, mas fiz-lhe ver que não seria conveniente. Quando nos despedimos, disse-me que não perguntava como se corresponderia comigo porque compreendia que o meu amor de mãe me obrigaria a escrever-lhe e a visitá-la quando voltasse à capital. Garanti-lhe que assim faria e parti, feliz por sair de tal casa, apesar de ter estado muito bem instalada e de haver sido bem tratada.

Segui na diligência apenas até um lugar chamado Stone, no Cheshire, segundo creio, onde não só não tinha nada que fazer, como também não conhecia ninguém, nem na cidade nem nas vizinhanças. Mas sabia que, com dinheiro na algibeira, estamos em casa em toda a parte. Aí me instalei, por isso, dois ou três dias, até comprar passagem para Londres noutra diligência, e escrevi ao meu amigo dizendo-lhe que em tal dia estaria em Stony-Stratford, onde o cocheiro me disse que ficaria.

A diligência que tomara era ocasional; fora alugada expressamente para conduzir a West Chester alguns fidalgos que iam para a Irlanda e regressava agora sem estar presa a horários nem a paragens certas, como é costume. Assim, como não trabalhava ao domingo, teria tempo de se preparar para vir ao meu encontro, o que de outro modo não aconteceria.





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