Verifiquei que o meu discurso lhe agradou, pois disse-me, muito a sé- rio, que teria muito gosto em fazer-lhe sentir o seu justo ressentimento e reconquistá-lo ou então tornar tão pública quanto possível a sua vingança.
Repliquei-lhe que, se seguisse os meus conselhos, lhe diria como poderia satisfazer os seus desejos em ambos os propósitos e me comprometia a trazer de novo o indivíduo à sua porta e a forçá-lo a pedir licença para entrar. Sorriu-me e não tardou a dar-me a entender que, se ele voltasse à sua porta, o seu ressentimento não era tão grande que o deixasse lá ficar muito tempo à espera.
No entanto, escutou de muito bom grado os meus conselhos. Comecei por lhe dizer que a primeira coisa que devia fazer era justiça a si mesma, pois várias pessoas a haviam informado de que ele se gabava, entre as senhoras, de a ter deixado e pretendia enfeitar-se com os louros da recusa. Devia, portanto, espalhar o mais possível entre as mulheres - o que não seria nada difícil num lugar tão dado a mexericos como aquele em que vivíamos - que se informara das circunstâncias do pretendente e verificara que, no respeitante a bens, não era o homem que pretendia ser.