A Verdade no Caso do Sr. Valdemar - Cap. 1: A verdade no caso do Sr. Valdemar Pág. 9 / 11

Falei indiferentemente em «voz» e em «som». Quero dizer que o som era distintamente _. maravilhosa, espantosamente distinto - silabado. O Sr. Valdemar falou - obviamente em resposta à minha pergunta. Lembrem-se que lhe havia perguntado se dormia ainda. Disse, então:

- Sim... não... dormi... e agora... agora... estou morto.

Nenhum dos presentes tentou sequer negar ou reprimir o inexprimível e arrepiante terror que estas poucas palavras assim ditas transmitiam. O Sr. L-1, o estudante, desmaiou. Os enfermeiros saíram a correr do quarto e não houve forças que os convencessem a lá voltar. Quanto às minhas impressões não pretendo torná-las compreensíveis ao leitor. Durante quase uma hora ocupámo-nos em silêncio - sem pronunciar uma única palavra - em fazer o Sr. L-1 voltar a si. Depois disso feito, voltámos a investigar o estado do Sr. Valdemar.

Estava ainda como o descrevi há pouco, com a excepção de que o espelho já não dava qualquer prova de respiração. Uma tentativa de lhe tirar sangue do braço falhou. Devo mencionar também que o seu braço já não estava sujeito à minha vontade. Em vão me esforcei por fazê-lo obedecer à direcção da minha mão. De facto a única indicação real da influência hipnótica encontrava-se agora no movimento vibratório da língua sempre que fazia uma pergunta ao Sr. Valdemar. Parecia que fazia um esforço para responder, mas que não lhe restava já suficiente vontade. Às perguntas feitas por outras pessoas que não eu, parecia totalmente insensível- embora eu tentasse pôr cada um dos outros membros do grupo em contacto hipnótico com ele. Creio ter contado agora o necessário para que o leitor compreenda qual era nessa altura o estado do hipnotizado. Contrataram-se outros enfermeiros; e às dez horas saí de casa em companhia dos dois médicos e do Sr.





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