Os traços da ópera não apresentam, em todo caso, aquela dor elegíaca de uma perda eterna, mas sim a alegria de um reencontrar-se eterno, o prazer cômodo em uma verdade idílica que, pelo menos em qualquer momento, pode ser representada como real, no que por vezes se pressente que esta presumida verdade nada mais é senão uma frivolidade fantástica e inútil à qual aquele, que saberia medi-la na seriedade horrível da natureza verdadeira e compará-la com as verdadeiras cenas primitivas da humanidade, devesse exclamar com asco: Fora com o fantasma! Apesar disso seria engano supor que tal ser frívolo, como a ópera, possa ser afugentado como um espectro, por meio de um grito forte, apenas. Aquele que deseja destruir a ópera, deve lutar contra aquela alegria alexandrina, que nela tão ingenuamente se expressa sobre sua representação predileta, cuja forma artística própria é ela mesma. O que se deve esperar, no entanto, para a própria arte da ação de formas artísticas cujas origens nem sequer se situam em domínio estético, que, muito pelo contrário, conseguiu passar de esfera semi-moral ao terreno artístico, e que só algumas vezes conseguiu esconder sua origem híbrida?