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Capítulo 22: Capítulo 22

Página 129
A suposição da ópera é uma crença errada no processo artístico, é aquela crença idílica de que todo homem de sentimento é artista. No sentido desta crença é a ópera a expressão de existência leiga na arte, que dita as suas leis com o otimismo alegre do homem teórico.

Se desejarmos reunir sob um conceito as duas representações agora descritas e que influíram sobre o nascimento da ópera, devemos falar da tendência idílica da ópera, no que nos vemos obrigados a empregar exclusivamente as expressões e a explicação de Schiller. A natureza e o ideal representam, diz este, assunto de tristeza, se aquela é apresentada como tendo perdido tudo, e este como impossível de alcançar. Ou ambos — natureza e ideal — são assunto de alegria se são apresentados como verdadeiros. O primeiro caso origina a elegia em significação estreita, o segundo os idílios em sentido o mais amplo. Aqui deve chamar-se imediatamente a atenção para o caráter comum de ambas as apresentações na gênese da ópera, que nelas o ideal não é sentido como não-alcançado, nem a natureza como perdida. Havia, segundo este sentimento, um tempo primitivo do ser humano, no qual este se situava rente ao coração da natureza, tendo alcançado nesta naturalidade o ideal da humanidade, em bondade e estados artísticos paradisíacos. Todos nós descendemos de tal homem primitivo perfeito, e cuja imagem fiel ainda poderíamos ser, se deitássemos fora algumas qualidades a fim de nos reconhecermos como sendo tal homem primitivo, mediante renúncia voluntária à erudição supérflua, à cultura excessivamente rica. O homem de cultura da Renascença retrocedendo, por sua imitação operesca, da tragédia grega a uma consonância de natureza e ideal, de veracidade idílica, aproveitou ele esta tragédia, assim como Dante se aproveitou de Virgílio, para ser guiado até as portas do Paraíso; enquanto que ele continuou o seu caminho, passando da imitação das formas mais elevadas da cultura grega à “restituição de todas as cousas”, à imitação do primitivo mundo artístico do homem.

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pág. 129 (Capítulo 22)

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Capa do livro A Origem da Tragédia
Páginas: 164
Página atual: 129

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 6
Capítulo 3 18
Capítulo 4 19
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 34
Capítulo 8 39
Capítulo 9 46
Capítulo 10 51
Capítulo 11 57
Capítulo 12 65
Capítulo 13 72
Capítulo 14 76
Capítulo 15 83
Capítulo 16 90
Capítulo 17 94
Capítulo 18 100
Capítulo 19 106
Capítulo 20 113
Capítulo 21 120
Capítulo 22 125
Capítulo 23 135
Capítulo 24 139
Capítulo 25 147
Capítulo 26 153
Capítulo 27 158
Capítulo 28 163