Odisseia - Cap. 16: Derrota dos Pretendentes, Vitória de Ulisses Pág. 120 / 129

um qualquer vagabundo, perturbador da animação e dos festins e da alegria de cada um...

No entretanto, Ulisses ia recolhendo as esmolas, que, mesmo cheios de rancor, os pretendentes não se atreviam a negar-lhe. Eumeu, zangado com as violências de Antino, gritava e protestava, censurando a arrogância e a falta de bondade do crudelíssimo príncipe. Telémaco, porém, ordenou-lhe que se calasse. E tentava ele mesmo convencer Antino da baixeza que estava cometendo - quando este, furioso, atirou com o banco em que ficara sentado à cabeça de Ulisses... Por pouco, meus amigos, que o não mata!...

Telémaco fervia de cólera... Mas, a um olhar de Ulisses, refreou o gesto raivoso que o ia precipitando contra o brutal criminoso Antino. Ulisses, imperturbável, sereno sempre, que fez então? Contentou-se em avisar o petulante, com mansas palavras de censura, de que não é honesto perseguir os pobres, de que os ricos de hoje são os pobres de amanhã, e que só valem as riquezas da alma, que são eternas e não perecíveis como as outras...

Ora, as discussões, o barulho, a irritação tinham tomado toda a gente, enchiam a sala de largo burburinho. Ouviu Penélope o barulho e desceu dos seus aposentos. Informou-se do que sucedera.





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