Um hóspede atacado e ferido na própria casa onde ela habitava! Jamais se vira tão imperdoável atentado às leis sagradas da hospitalidade! E, carinhosa e terna como sempre, mandou chamar o ofendido Ulisses, para o compensar da violência sofrida, não só por meio de palavras suaves, mas também de presentes generosos...
Receando que Penélope o reconhecesse, não quis Ulisses obedecer ao caridoso convite. Pretextou que temia a perseguição dos pretendentes, se acaso parecesse fugir. Mais tarde obedeceria às ordens da rainha.
Murmurou essa desculpa ao servo que o viera buscar e, em seguida, não respondeu mais às injúrias dos pretendentes.
Tanta dignidade afirmava no porte humilde, que estes emudeceram também. Nem Antino falava. Silêncio completo. Eis senão quando Telémaco espirrou. Todo o palácio como que tremeu, abalado. As aias e os servos fitaram-se, receosos. No tear de Penélope quebraram-se alguns fios da teia interminável, que interminavelmente ela recomeçava...
- «Bom presságio! exclamou Penélope ao saber do caso. Assim a mão de Telémaco seja forte e exterminadora contra a avidez e a cobiça dos pretendentes, na hora em que enfim lhe for dado expulsá-los de aqui...