Odisseia - Cap. 9: Ulisses no Inferno Pág. 68 / 129

Mas que sofrimento, que dor incomparável eu sentia!

Tirésias, com o seu ceptro na mão, aproxima-se. Percebe logo quem eu sou, e logo também se dirige a mim. Olha-me, e prova em silêncio a carne dos animais sacrificados... As sombras que desejam conviver com os vivos, se desprezam os alimentos que os vivos comem, mudas sombras ficam, sombras vagas que não falam nem se entendem com os vivos...

Tirésias cumpriu o fúnebre mandamento, ouviu-me depois, e proferiu o seu oráculo...

- «Ulisses, - começou Tirésias - procuras saber a maneira de voltar para a tua Pátria, e eu vou dizer-ta. Mas será um regresso um pouco difícil e trabalhoso, porque ofendeste Polifemo, filho de Neptuno, que é o deus do mar, e que revoltará o mar contra o teu navio. Apesar disso, porém, acabarás por vencer todos os obstáculos e chegarás à tua amada Ítaca, se possuíres a energia necessária de não consentir, nem a ti nem aos teus companheiros, o menor desrespeito aos rebanhos consagrados ao Sol - ao Sol, o deus que vê tudo, e tudo contempla no Mundo – rebanhos que em breve encontrarás na tua viagem.

Venera-os, não tentes matar nenhum deles para as tuas refeições, embora a fome tos faça apetecer. Se lhes tocas - ai de til morrereis todos e o teu barco





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