Odisseia - Cap. 10: As Sereias Sila e Caribdes Pág. 83 / 129

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Não durou muito a minha alegria! Apenas o perfil daquela ilha desaparecera no horizonte, ergueu-se um fumo terrível, as vagas começaram a embravecer, e ouvi rugidos formidáveis! Os tripulantes do meu barco deixaram cair os remos las mãos. De todos os lados crescia a fúria dos rugidos... O navio parara; ninguém ousava remar... Tive de animar, um por um os meus companheiros, e de lhes lembrar que a minha astúcia e coragem nos livrara de violências maiores, como por exemplo das crueldades do ciclope, e de tantas mais... Ordenei-lhes terminantemente que se afastassem do sítio perigoso. Obedeceram, felizmente. Mas nem então lhes falei de Sila. Aliás, o monstro não saiu do antro. Estava oculto no fundo da caverna - e embora eu, esquecido dos conselhos de Circe, me tivesse armado para o combater, desta feita não o vimos...

Passámos o estreito entre Sila e Caribdes. Caribdes engolia vertiginosamente as ondas, e vomitava-as com o mesmo arreganho. O estrondo apavorava. E o mar ora subia até ao cimo dos rochedos, ora se via a areia negra dos abismos. Estávamos lívidos, tremíamos todos, e não despregávamos os olhos da goela voraz de Caribdes...





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