Odisseia - Cap. 10: As Sereias Sila e Caribdes Pág. 82 / 129

Quem aqui chega, só continua o seu caminho depois de ter tido esse gozo inefável e depois de ter aprendido connosco uma infinidade de coisas lindas!

Todos os trabalhos de gregos e troianos, no cerco de Tróia, saberemos evocar. E mais ainda: - todas as maravilhas que na Terra existem, pois nada, nada do que embeleza e encanta o vasto universo nos é desconhecido...»

Cantavam assim. E as suas vozes enfeitiçantes criavam o desejo ansioso de escutá-las sempre, sempre... Olhei a minha gente e franzi os sobrolhos indicando dessa maneira que me libertassem das cordas que me prendiam. Nesse instante, o que eu ambicionava era ficar ali, era não fugir ao mágico enleio daquela melodia incomparável… Mas os meus marinheiros, que nada ouviam, continuaram a remar, e cada vez com mais força. Dois levantaram-se até dos seus bancos e vieram atar-me com mais cordas. E só depois de não avistarmos já a ilha embruxada e as sereias tentadoras - é que os meus homens desapertaram os nós que me prendiam ao mastro. Tirei-lhes a cera dos ouvidos. Içámos outra vez as velas. Mas que perigo tínhamos vencido, como eu agradecia a Circe, no íntimo do meu coração, os conselhos que me dera!





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