A Mulher de Trinta Anos - Cap. 5: Os dois encontros Pág. 151 / 205

Contrariado por ter de obedecer sempre a um homem que lhe desagradava, o general voltou-se bruscamente. O desconhecido tirou da algibeira um lenço branco em que envolveu a mão direita; depois pegou a garrafa, cujo conteúdo esvaziou de um trago. Sem pensar em quebrar seu tácito juramento, o general olhou maquinalmente para o espelho; mas então a correspondência dos dois espelhos permitiu-lhe ver perfeitamente o estrangeiro, e descobriu, nesse momento, que o lenço se tornava subitamente vermelho pelo contato das mãos, que estavam cheias de sangue.

- Ah! O senhor olhou para mim - exclamou o homem quando, depois de ter bebido e de se ter embrulhado na capa, examinou o general com desconfiança. - Estou perdido. Eles chegam, ei-los.

- Não ouço nada - disse o marquês.

- Não está tão interessado como eu em escutar no espaço.

- Bateu-se então em duelo, para estar assim coberto de sangue? - perguntou o marquês, bastante agitado ao distinguir umas grandes manchas na roupa de seu hóspede.

- Sim, um duelo, o senhor o diz - repetiu o desconhecido, deixando pairar nos lábios um sorriso amargo.

Nesse instante, ouviu-se à distância o galope de vários cavalos; mas era um ruído fraco como os primeiros alvores da manhã. O ouvido exercitado do general reconheceu a marcha dos cavalos disciplinados pelo regime do esquadrão.

- É a guarda - disse ele.

Lançou ao seu prisioneiro um olhar de modo a dissipar as dúvidas que lhe podia ter sugerido a sua indiscrição involuntária, pegou a luz e voltou para o salão. Apenas acabava de colocar a chave da mansarda sobre a lareira, o barulho produzido pela cavalaria aumentou e aproximou-se do pavilhão com uma rapidez que o fez estremecer. Com efeito, os cavalos pararam à porta da sua residência. Após ter trocado algumas palavras com os camaradas, um cavaleiro desceu; bateu com força, obrigando o general a abrir.





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