Surdiu-nos dali e veio para nós com muita mansidão, com o fato já roto e o rosto desfigurado e queimado do sol, tanto que mal se podia conhecer pelo mesmo. Só os vestidos, ainda que esfarrapados, mas conformes à notícia que dele tínhamos, é que nos deram a entender que era o mesmo que buscávamos. Saudou-nos cortesmente, e em poucos e bons termos nos disse que não nos maravilhássemos de o ver andar daquela sorte, porque assim lhe convinha para cumprir certa penitência, que por seus muitos pecados lhe havia sido imposta. Pedimos-lhe que nos dissesse quem era, mas não foi possível resolvermo-lo a tal. Pedimos-lhe também que em precisando de sustento, pois não podia viver sem ele, nos dissesse aonde o acharíamos, porque com muito amor e cuidado lho iríamos levar; e que, se também isto não fosse do seu gosto, pelo menos saísse e pedi-lo aos pastores, em vez de lho tirar por força. Agradeceu o nosso oferecimento, pediu perdão do passado, e prometeu daí em diante obtê-lo pelo amor de Deus, sem incomodar a pessoa alguma. Pelo que tocava à sua habitação, disse que não tinha outra, senão aquela que se lhe deparava onde quer que a noite o colhia; e, acabando de falar, desatou num choro tão sentido, que, só se fôramos de pedra os que lho ouvimos, poderíamos deixar de o acompanhar, por nos lembrar