O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 3: A Aventura dos Dançarinos Pág. 88 / 363

»Bom, estou cá há um mês. Tenho vivido naquela quinta, onde me alugaram um quarto no piso térreo, donde eu podia sair e entrar todas as noites sem ninguém dar por isso. Tentei por todas as formas convencer Elsie a fugir comigo. Sei que ela leu as mensagens, pois uma vez escreveu a resposta por baixo de uma delas. Depois, deixei-me dominar pela irritação e comecei a ameaçá-la. Nessa altura, ela mandou-me uma carta, implorando que me fosse embora, dizendo que destroçaria o seu coração se algum escândalo recaísse sobre o marido. Disse que viria cá abaixo às três da manhã, quando o marido estivesse a dormir, e que falaria comigo pela janela do fundo se eu depois me fosse embora e a deixasse em paz. Desceu e trouxe dinheiro consigo, tentando subornar-me para que eu me fosse embora. Isso enfureceu-me e agarrei-lhe pelo braço, tentando puxá-la pela janela. Nesse momento, o marido irrompeu na sala empunhando um revólver. Elsie caíra no chão e eu e ele ficámos frente a frente. Eu, também enervado, apontei-lhe o meu revólver para o assustar. Ele disparou mas não me atingiu. Eu disparei quase ao mesmo tempo e ele caiu. Fugi pelo jardim, mas ainda ouvi a janela a fechar-se. Essa é toda a verdade, meus senhores, palavra por palavra. Só voltei a ter notícias quando o rapaz me apareceu com o bilhete, o que fez que eu viesse cá como um anjinho para cair nas vossas mãos.

Enquanto o americano falava, chegara uma carruagem com dois polícias fardados. O inspector Martin levantou-se e tocou no ombro do preso.

- São horas de irmos.

- Posso vê-la primeiro?

- Não, a senhora não está consciente. Sr. Sherlock Holmes, só espero que se alguma vez eu voltar a ter um caso importante, tenha a sorte de o ter ao meu lado.





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