TELMO
- Seja feita a Sua vontade.
ROMEIRO
- Pesa-te?
TELMO
- Oh! senhor!
ROMEIRO
- Pesa-te…
TELMO
- Há-de me pesar da vossa vida? (À parte) Meu Deus, parece-me que menti…
ROMEIRO
- E porque não, se já me pesa a mim dela, se tanto me pesa ela a mim? Amigo, ouve… Tu és meu amigo?
TELMO
- Não sou?
ROMEIRO
- És, bem sei. E contudo, vinte anos de ausência e de conversação de novos amigos fazem esquecer tanto os velhos! Mas tu és meu amigo. E se tu o não foras, quem o seria?
TELMO
- Senhor!
ROMEIRO
- Eu não quis acabar com isto, não quis pôr em efeito a minha última resolução sem falar contigo, sem ouvir da tua boca…
TELMO
- O que quereis que vos diga, senhor? Eu…
ROMEIRO
- Tu, bem sei que duvidaste sempre da minha morte, que não quiseste ceder a nenhuma evidência; não me admirou de ti, meu Telmo.