TELMO
(em grande ansiedade)
- Senhor, senhor, não tenteis a fidelidade do vosso servo! É que vós não sabeis… D. João, meu senhor, meu amo, meu filho, vós não sabeis…
ROMEIRO
- O quê?
TELMO
- Que há aqui um anjo… uma outra filha minha, senhor, que eu também criei…
ROMEIRO
- E a quem já queres mais que a mim, dize a verdade.
TELMO
- Não mo pergunteis.
ROMEIRO
- Nem é preciso. Assim devia de ser. Também tu! Tiraram-me tudo. (Pausa) E têm um filho eles?… Eu não… E mais, imagino… Oh! passaram hoje pior noite do que eu! Que lho leve Deus em conta e lhes perdoe como eu perdoei já. Telmo, vai fazer o que mandei.
TELMO
- Meu Deus, meu Deus, que hei-de eu fazer?
ROMEIRO
- O que te ordena teu amo. Telmo, dá-me um abraço. (Abraçam-se.) Adeus, adeus, até…
TELMO
(com ansiedade crescente)
- Até quando, senhor?
ROMEIRO
- Até ao dia de juízo.