Frei Luís de Sousa - Cap. 3: Acto Terceiro Pág. 90 / 122

) Uma filha bela, pura, adorada, sobre cuja cabeça - oh, porque não é na minha! - vai cair essa desonra, toda a ignomínia, todo o opróbrio que a injustiça do mundo, não sei porquê, não me quer lançar no rosto a mim, para pôr tudo na testa branca e pura de um anjo, que não tem outra culpa senão a da origem que eu lhe dei.

JORGE

- Não é assim, meu irmão, não te cegues com a dor, não te faças mais infeliz do que és. Já não és pouco, meu pobre Manuel, meu querido irmão! E Deus há-de levar em conta essas amarguras. Já que te não pode apartar o cálix dos beiços, o que tu padeces há-de ser descontado nela, há-de resgatar a culpa.

MANUEL

- Resgate! sim, para o céu: nesse confio eu… mas o mundo?

JORGE

- Deixa o mundo e as suas vaidades!

MANUEL

- Estão deixadas todas. Mas este coração é de carne.





Os capítulos deste livro