JORGE
- Deus, Deus será o pai de tua filha.
MANUEL
- Olha, Jorge: queres que te diga o que eu sei decerto, e que devia ser consolação… mas não é, que eu sou homem, não sou anjo, meu irmão - devia ser consolação, e é desespero, é coroa de espinhos de toda esta paixão que estou passando… É que a minha filha… Maria… a filha do meu amor, a filha do meu pecado, se Deus quer que seja pecado, não vive, não resiste, não sobrevive a esta afronta. (Desata a soluçar, cai com os cotovelos fixos na mesa e as mãos apertadas no rosto: fica nesta posição por longo tempo. Ouve-se de quando em quando um soluço comprimido. Frei Jorge está em pé, detrás dele, amparando-o com o seu corpo, e os olhos postos no céu.)
JORGE
(chamando timidamente)
- Manuel.
MANUEL
- Que me queres, irmão?
JORGE
(animando-o)
- Ela não está tão mal; já lá estive hoje…
MANUEL
- Estiveste?… Oh! conta-me, conta-me; eu não tenho… não tive ainda ânimo de a ir ver.