Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 14: Capítulo 14

Página 118

- Bem se vê, - continuou ele concluída a leitura, - que os sinais combinam perfeitamente, e só um cego não verá naquela senhora a escrava do anúncio. Mas para tirar toda a dúvida, só resta examinar se ela tem o tal sinal de queimadura acima do seio, e é coisa que desde já se pode averiguar com licença da senhora.

Dizendo isto, Martinho com impudente desembaraço se encaminhava para Isaura.

- Alto lá, vil esbirro!... - bradou Álvaro com força, e agarrando o Martinho pelo braço, o arrojou para longe de Isaura, e o teria lançado em terra, se ele não fosse esbarrar de encontro ao grupo, que cada vez mais se apertava em torno deles. - Alto lá! nem tanto desembaraço! escrava, ou não, tu não lhe deitarás as mãos imundas.

Aniquilada de dor e de vergonha, Isaura erguendo enfim o rosto, que até ali tivera sempre debruçado e escondido sobre o seio de seu pai, voltou-se para os circunstantes, e ajuntando as mãos convulsas no gesto da mais violenta agitação:

- Não é preciso que me toquem, - exclamou com voz angustiada. - Meus senhores, e senhoras, perdão! cometi uma infâmia, uma indignidade imperdoável!... mas Deus me é testemunha, que uma cruel fatalidade a isso me levou. Senhores, o que esse homem diz, é verdade. Eu sou... uma escrava!... O rosto da cativa cobriu-se de lividez cadavérica, como lírio ceifado pendeu-lhe a fronte sobre o seio, e o donoso corpo desabou como bela estátua de mármore, que o furacão arranca do pedestal, e teria rojado pela terra, se os braços de Álvaro e de Miguel não tivessem prontamente acudido para amparar-lhe a queda.

- Uma escrava!... - estas palavras, soluçadas no peito de Isaura como o estertor do arranco extremo, murmuradas de boca em boca pela multidão estupefata, ecoaram largo tempo pelos vastos salões, como o rugir sinistro das lufadas da noite pela grenha de fúnebre arvoredo.

<< Página Anterior

pág. 118 (Capítulo 14)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Escrava Isaura
Páginas: 185
Página atual: 118

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 8
Capítulo 3 16
Capítulo 4 25
Capítulo 5 27
Capítulo 6 34
Capítulo 7 43
Capítulo 8 54
Capítulo 9 63
Capítulo 10 72
Capítulo 11 81
Capítulo 12 91
Capítulo 13 102
Capítulo 14 111
Capítulo 15 122
Capítulo 16 132
Capítulo 17 141
Capítulo 18 146
Capítulo 19 154
Capítulo 20 163
Capítulo 21 171
Capítulo 22 178