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- E por que não? - respondeu o negociante, e passou a indicar a Álvaro os nomes e moradas dos demais credores.
De feito, a casa de Leôncio, já desde os últimos anos da vida de seu pai, ia em contínuo regresso e desmantelamento. O velho comendador, entregando-se no último quartel da vida a excessos e devassidões, que nem na mocidade são desculpáveis, vivendo quase sempre na corte, e deixando quase em completo abandono a administração da fazenda, havia já esbanjado não pequena porção de sua fortuna. Por efeito da má administração, não só as safras começaram a escassear consideravelmente, como também o número de escravos foi-se reduzindo pela morte e pelas frequentes fugas, sem que tanto o comendador como seu filho deixassem de substituí-los por outros novos, que iam comprando a prazo, tornando cada vez mais pesado o ônus das dívidas.
Depois da morte do comendador, as coisas foram de mal a pior. Leôncio, com a educação e a índole que lhe conhecemos, era o homem menos próprio possível para dirigir e explorar um grande estabelecimento agrícola.
Seus desvarios e extravagâncias, e por último sua nefasta e insensata paixão por Isaura, fizeram-no perder de todo a cabeça, arrojando-se em um plano inclinado de despesas ruinosas, sem cálculo nem previsão alguma. Com os enormes dispêndios que teve de fazer em consequência da fuga de Isaura, mandando procurá-la por todos os cantos do império, acabou de cavar o abismo de sua ruína. Em pouco tempo o jovem fazendeiro estava de todo insolvente, sem um real em caixa, e com uma multidão de letras protestadas na carteira de seus credores.