O que queria em primeiro lugar era colocar-se nas vizinhanças de Leôncio, a fim de poder colher informações e investigar se porventura algum recurso haveria para obrigar o senhor de Isaura a manumiti-la.
Desembarcou na corte com o fim de dirigir-se brevemente para Campos. Antes porém de partir para seu destino, procurou colher entre as pessoas do comércio algumas informações a respeito de Leôncio.
- Oh! conheço muito esse sujeito, - disse logo o primeiro negociante, a quem Álvaro se dirigiu. - Esse moço está falido, e em completa ruína. Se V. S.ª também é credor dele, pode pôr as suas barbas de molho, porque as dos vizinhos estão a arder. Essa casa bem liquida, mal dará para um rateio, em que toque cinquenta por cento a cada credor. Esta revelação foi para Álvaro como um relâmpago que se abre aos olhos do viandante extraviado em noite tormentosa, mostrando-lhe de repente e bem ao perto o albergue hospitaleiro que demanda.
- E V. S.ª porventura é também credor desse fazendeiro? - perguntou Álvaro.
- Infelizmente, e um dos principais...
- E a quanto montará a fortuna do tal Leôncio?
- A menos de nada, presentemente, pois como já lhe disse, o seu passivo excede talvez em mais do dobro a todos os seus bens.
- Mas esse passivo mesmo, em que soma é calculado pouco mais ou menos?
- Calcula-se aproximadamente em quatrocentos e tantos a quinhentos contos, enquanto que a fazenda de Campos, com escravos e todos os mais acessórios, não excederá talvez a duzentos. Já temos tido com esse fazendeiro todas as atenções possíveis, e lhe temos dado mais moratórias do que a lei concede; não somos obrigados a mais, e agora estamos resolvidos a cair-lhe em cima com a execução.
- E quais são os outros credores? V. S.ª quererá indicar-mos?