Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 8: Capítulo 8

Página 59

Entretanto, essa indiferença de Leôncio nada tinha de natural e sincera; não que ele sentisse pesar algum pela brusca partida de sua mulher; pelo contrário, era júbilo, que sentia com a realização daquela caprichosa resolução de Malvina, que assim lhe abandonava o campo inteiramente livre de embaraços, para prosseguir em seus nefandos projetos sobre a infeliz Isaura. Com aquele fingido pouco-caso, conseguia disfarçar o prazer e satisfação, em que lhe transbordava o coração; e como era aforismo adotado e sempre posto em prática por ele, posto que em circunstâncias menos graves, - que contra as cóleras e caprichos femininos não há arma mais poderosa do que muito sangue-frio e pouco-caso, Malvina não pôde descobrir no fundo daquela afetada indiferença o júbilo intenso em que nadava a alma de seu marido.

O que era feito porém da nobre e infeliz Isaura durante esses longos dias de luto, de consternação, de ansiedade e dissabores?

Desde que ouviu a leitura da carta, em que se noticiava a morte do comendador, Isaura perdeu todas as lisonjeiras esperanças que um momento antes Miguel fizera desabrochar em seu coração. Transida de horror, compreendeu que um destino implacável a entregava vítima indefesa entre as mãos de seu tenaz e desalmado perseguidor. Sabedora da miseranda sorte de sua mãe, não encontrava em sua imaginação abalada outro remédio a tão cruel situação senão resignar-se e preparar-se para o mais atroz dos martírios. Um cruel desalento, um pavor mortal apoderou-se de seu espírito, e a infeliz, pálida, desfeita, e como que alucinada, ora vagava à toa pelos campos, ora escondida nas mais espessas moitas do pomar, ou nos mais sombrios recantos das alcovas, passava horas e horas entre sustos e angústias, como a tímida lebre, que vê pairando no céu a asa sinistra do gavião de garras sangrentas. Quem poderia ampará-la?

<< Página Anterior

pág. 59 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Escrava Isaura
Páginas: 185
Página atual: 59

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 8
Capítulo 3 16
Capítulo 4 25
Capítulo 5 27
Capítulo 6 34
Capítulo 7 43
Capítulo 8 54
Capítulo 9 63
Capítulo 10 72
Capítulo 11 81
Capítulo 12 91
Capítulo 13 102
Capítulo 14 111
Capítulo 15 122
Capítulo 16 132
Capítulo 17 141
Capítulo 18 146
Capítulo 19 154
Capítulo 20 163
Capítulo 21 171
Capítulo 22 178