Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: Capítulo 12

Página 96
Uma escrava fugida apresentar-se em um baile, e apavonar-se em seu braço à face da mais brilhante e distinta classe de uma importante capital!... era pagar com a mais feia ingratidão e a mais degradante deslealdade os serviços, que com tanta delicadeza e amabilidade lhe havia prestado. Isto repugnava absolutamente aos escrúpulos da melindrosa consciência de Isaura. É verdade que Miguel, aterrado pelas considerações que Álvaro lhe fizera, viu-se forçado a anuir ao seu gracioso convite; Isaura porém guardara absoluto silêncio, o que ambos tomaram por um sinal de aquiescência. Enganavam-se. Isaura recolhida ao silêncio não fazia mais do que tentar esforços supremos para sacudir o fardo daquele disfarce, que tanto lhe pesava sobre a consciência, rasgando resolutamente o véu que encobria aos olhos do amante sua verdadeira condição. Por mais, porém, que invocasse toda a sua energia e resolução, no momento decisivo a coragem a abandonava. Já a palavra lhe pairava pelos lábios entreabertos, já tinha o passo formado para ir prostrar-se aos pés de Álvaro, mas encontrando pousado sobre ela o olhar meigo e apaixonado do mancebo, ficava como que fascinada; a palavra não ousava romper os lábios paralisados e refluía ao coração, e os pés recusavam-se ao movimento como se estivessem pregados no chão. Isaura estava como o desgraçado a quem circunstâncias fatais arrastam ao suicídio, mas que ao chegar à borda do precipício medonho em que deseja arrojar-se, recua espavorido.

- Fraca e covarde criatura que eu sou! - pensou ela por fim esmorecida: - que miséria! nem tenho coragem para cumprir um dever! não importa; para tudo há remédio; cumpre que ele ouça da boca de meu pai, o que eu não tenho ânimo de dizer-lhe. Esta ideia luziu-lhe no espírito como uma tábua salvadora; agarrou-se a ela com sofreguidão, e antes que de novo lhe fraqueasse o ânimo, tratou de pô-la em execução.

<< Página Anterior

pág. 96 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Escrava Isaura
Páginas: 185
Página atual: 96

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 8
Capítulo 3 16
Capítulo 4 25
Capítulo 5 27
Capítulo 6 34
Capítulo 7 43
Capítulo 8 54
Capítulo 9 63
Capítulo 10 72
Capítulo 11 81
Capítulo 12 91
Capítulo 13 102
Capítulo 14 111
Capítulo 15 122
Capítulo 16 132
Capítulo 17 141
Capítulo 18 146
Capítulo 19 154
Capítulo 20 163
Capítulo 21 171
Capítulo 22 178