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Capítulo 2: II

Página 10
O cavalheiro passou por um tal Eduardo, e a desconhecida tiveram-na por uma D. Antónia.

Laura humedecia os lábios com a língua. As surpresas pungentes produzem uma febre, e aquecem o mais belo calculado sangue-frio. A incógnita, profundamente conhecedora da situação da sua vítima, falou ao ouvido de Carlos:

- “Estuda-me aquela fisionomia. Eu não estou em circunstâncias de ser Max...

Sofro demasiado para contar as pulsações deste coração. Se te sentires condoído desta mulher, tem compaixão de mim, que sou mais desgraçada que ela.”

E voltando-se para Laura:

- “Procuro, há quatro anos, uma ocasião de prestar homenagem à tua conquista. Deus, que é Deus, não despreza os incensos do verme da terra, nem esconde à vista dos homens a sua fronte majestosa num manto de estrelas. Tu, Laura, que és mulher, embora os homens te chamem anjo, não desprezarás vaidosa a homenagem de uma pobre criatura, que vem depor a teus pés o óbolo sincero da sua adoração.”

Laura não levantava os olhos do leque; mas a mão, que o sustinha, tremia; e os olhos, que o contemplavam, pareciam absortos num quadro aflitivo.

E o dominó continuou:

- “Foste muito feliz, minha cara amiga! Eras digna de o ser. Colheste o fruto abençoado da abençoada semente que o Senhor fecundou no teu coração de pomba!... Olha, Laura, deves dar muitas graças à Providência, que velou os teus passos no caminho do crime. Quando devias resvalar no abismo da prostituição, subiste, radiante de virtudes, ao trono das virgens. O teu anjo da guarda foi-te leal! És uma excepção a milhares de desgraçadas, que nasceram em estofos de damasco, cresceram em perfumes de opulência. E, quanto mais, minha ditosa Laura, tu nasceste nas palhas da miséria, cresceste nos andrajos da indigência, ainda viste com os olhos da razão a desgraça sentada à cabeceira do teu leito.

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Capa do livro Coisas que só eu sei
Páginas: 51
Página atual: 10

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 7
III 12
IV 18
V 22
VI 27
VII 32
VIII 36
IX 40
X 46