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Capítulo 1: I

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..”

- “És muito amável, meu querido Carlos...”

- “Conheces-me?!”

- “Essa pergunta é ociosa. Não és tu Carlos!”

- “Já falaste comigo na tua voz natural?”

- “Não; mas começo a falar agora.”

E com efeito falou. Carlos ouviu um som de voz sonora, metálica e insinuante.

Cada palavra daqueles lábios misteriosos saía vibrante e afinada como a nota de uma tecla. Tinha aquele não-sei-quê que só escuta nas salas onde falam mulheres distintas, mulheres que obrigam a gente a prestar fé aos privilégios, às prerrogativas, aos dons muito peculiares da aristocracia do sangue. Todavia, Carlos não se recordava de ter ouvido semelhante voz, nem semelhante linguagem.

“Uma aventura de romance!” dizia ele lá consigo, enquanto o dominó-veludo, conjecturando o enleio em que pusera o seu entusiasta companheiro, continuava a fazer gala do mistério, que é de todas as alfaias aquela que mais alinda a mulher! Se elas pudessem andar sempre de dominó! Quantas mediocridades em inteligência rivalizariam com Jorge Sand! Quantas fisionomias infelizes viveriam com a fama da mulher de Abal el-Kader!

- “Então quem sou eu?” - prosseguiu ela.- “Não me dirás?... Não dizes... Pois então, tu és Carlos, e eu sou Carlota... Fiquemos nisto, sim?”

- “Enquanto eu não souber o teu nome, deixa-me chamar-te de «anjo» .”

- “Como quiseres; mas sinto dizer-te que não és nada original! Anjo!... É um apelido tão safado como Ferreira, Silva, Souza, Costa... et cetera. Não vale a pena questionarmos: baptiza-me à tua vontade. Ficarei sendo o teu “anjo de Entrudo”. E a história?... Imagina que te possuías de um amor impetuoso por essa mulher, que fantasiaste linda, e insensivelmente lhe curvaste o joelho, pedindo-lhe uma esperança, um sorriso afectuoso através da máscara, um aperto convulsivo de mão, uma promessa, ao menos, de se mostrar um, dois, três anos depois.

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Capa do livro Coisas que só eu sei
Páginas: 51
Página atual: 4

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 7
III 12
IV 18
V 22
VI 27
VII 32
VIII 36
IX 40
X 46