Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 2: Capítulo 2

Página 19

Isto, que diz aquele grande realista do século de quinhentos, é verdade. Os que se derem a parafusar operações do céu, quando mal se precatarem, são filados, onde quer que seja, pelo mastim da ironia que lhes crava o dente canino da chufa. Estes bons corações passam entre nós mordidos, espavoridos, com os dedos no nariz, e vão deixando os paletós nas mãos incontinentes das Zuleikas.

Maurício, o escrivão, tinha no corpo a nevrose que aumenta o calibre da retina, e lhe espelha imagens através de corpos opacos. Raciocinou com a lógica dos corruptos, que é a arte de pensar bem. Quem pensava mal era o teólogo, imaginando que o cadete e a loura de Santo Aleixo, emboscados num choupal da Ínsua, eram mais inocentes que os pássaros. Não se pode ser perfeito hoje em dia sem se ser um bocadinho idiota. A esta saudável ignorância das misérias do próximo chama o meu padre Manuel Bernardes "trevas claríssimas".

 

 

Ora vamos à história, já que me coube em sorte arpoar com pena de ferro, no fundo lodoso deste tinteiro, as frases de meu tempo.

Era pescador e caçador António de Queirós e Meneses. Viu no monte a filha do lavrador de Santo Aleixo. As serras têm sombras do infinito. O coração aí é maior que as dimensões do peito.

<< Página Anterior

pág. 19 (Capítulo 2)

Página Seguinte >>

Capa do livro Maria Moisés
Páginas: 86
Página atual: 19

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 42