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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 45

Para estas senhoras não tinham significação estas palavras do padre Manuel Bernardes: “Mui íngremes e costa arriba são as veredas da castidade!” Eram castas estas duas irmãs como as melancias são frescas e os tremoços sensaborões: – era o seu feitio e a sua natureza. Na folha de inventário cabia a cada uma dez mil cruzados; porém, nunca exigiram quantia notável de seu irmão, senhor de grandes prazos, o doutor Teotónio de Valadares, que também era solteiro, mas menos casto que as manas. E era isso não pequeno desgosto para elas. O mano doutor tinha servido lugares da magistratura, desde juiz de fora até corregedor, em várias comarcas, e por todas elas deixara prole ilegítima. Umas filhas eram freiras franciscanas, outras eram mães; alguns filhos seguiam as letras, outros as armas; tinha filhos para todos os ofícios e artes. Era o D. Sancho povoador de seis comarcas, mas povoador de sua lavra, moto próprio e propagação pessoal.

 

 

Quando o caseiro, a deitar os bofes pela boca, apareceu a dar a notícia do achado da criança no Tâmega, estavam as senhoras e mais o cónego e o irmão a jogar a sueca. Largaram as cartas a um tempo. O cónego ergueu os óculos de tartaruga para a testa, e exclamou:

– Parece um caso bíblico!

– Há factos análogos na história da Lusitânia – observou o desembargador, recordando-se.

 Enquanto os dois pilares da história sagrada e profana porfiavam em erudições respectivas ao caso, D. Maria Tibúrcia disse ao ouvido de D. Maria Filipa:

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