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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 56

Ela ouviu silenciosa o cónego, e depois de muita instada a explicar o seu propósito, disse singelamente:

– O meu desejo é dar aos enjeitados a caridade que eu recebi.

– Mas tencionas procurá-los?

– Isso não; espero que a Divina Providência os leve onde eu estiver.

– És uma virtuosa criança, Maria – replicou o padre – mas vieste tarde à procura dum mundo que passou. Exercita a caridade quanto as tuas forças to permitirem; porém, não vás além do que te rende esta quinta. Oito carros de milho, quatro pipas de vinho e dez almudes de azeite é o teu rendimento. Contam-se milagres de multiplicação que talvez se possam repetir no teu pouco; mas o mais prudente é contares pela aritmética que eu te ensinei. Quem tem seis por ano e gasta sete, ao fim de seis anos tem só um. Gasta os seis, Maria, os seis somente em obras justas de misericórdia, e não dês alento aos costumes depravados tomando a teu cargo os filhos que as mães abandonam.

– Também eu fui abandonada – disse ela. Ora, passado alguns dias, Maria Moisés tinha em casa dois meninos na primeira infância. O velho Francisco Bragadas, que era agora caseiro da enjeitada que encontrou no rio, contou-lhe que a moleira da Trofa, viúva de um soldado que estava lá para as Ilhas com o irmão do Sr. D. Miguel, morrera de cambras deixando dois filhos pequenos, que não tinham migalha de pão.

– Vê, senhor cónego? – disse ela. – Já tenho dois!

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Capa do livro Maria Moisés
Páginas: 86
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