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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 63

Os filhos da moleira já tinham ido para o Brasil; outros andavam na escola; as meninas tinham mestras, que eram Joaquina em coisas de costura e Maria no ler e escrita.

A herança do cónego e os rendimentos da quinta, na verdade mal administrados, supriram ainda assim as despesas no transcurso de dez anos. Maria, com a sua fama de santa, era havida em conta de tola pelos velhacos. A falsa piedade explorava-a. Festas de capelas, votos de missas pedidas, resplendores para uns santos, capas para outros, esmolas para entrevados de longe, esmolas para aleijados que iam a caldas e ao mar, esmolas para rapazinhos que iam para o Brasil, para cabaneiros a quem o incêndio devorou a choça – com verdade ou impostura – ninguém ia da sua porta com as mãos vazias.

– Eu também sou pobre – dizia ela.

– Tem a graça de Deus que lhe dá tudo – respondiam os pedintes, com a certeza de que ela já havia pedido alguns centos de mil réis sobre a quinta.

As irmandades, que lhe emprestavam dinheiro a juro, pediam- lhe donativos para reformar paramentos de sacristia, e madeiras para os vigamentos das igrejas.

Como só de per si já não podia cuidar na educação dos enjeitados, Maria Moisés pedia às pessoas abastadas que a auxiliassem, não com dinheiro, mas com a caridade de se encarregarem de alguns. Assim foi que o abade de Pedraça tomou para si aquele pequenino, que se chamou Álvaro, e depois legou ao filho natural do visconde de Agilde o farto ouro que parecia trazer consigo o condão de virtude da enjeitada de Santo Aleixo.

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