A Vida Amorosa de Moll Flanders - Cap. 2: A vida amorosa de Moll Flanders Pág. 108 / 359

Cheguei a Londres ao fim de cerca de três semanas e, pouco depois, soube que o barco chegara a Brístol, mas tive o desgosto de saber igual- mente que, em consequência do mau tempo que enfrentara e da fenda no mastro principal, houvera graves avarias a bordo e grande parte das mercadorias estavam estragadas.

Encontrava-me, agora numa situação que não tinha nada de agradável, muito pelo contrário. Partira da Virgínia com uma espécie de adeus final e o que trouxera comigo era valioso e, se tivesse chegado intacto, ter-me-ia ajudado a casar de novo razoavelmente bem. Mas, por má sorte minha, ficara reduzida a cerca de duzentas ou trezentas libras, ao todo, e sem esperanças de melhoria. Não tinha amigos, nem tão-pouco conhecidos, pois parecia-me absolutamente necessário fugir a reatar anteriores relações; até a astuta amiga que me aconselhara a fingir-me rica falecera entretanto, assim como o marido, segundo soube por informações que mandei tirar.

A necessidade de verificar as minhas mercadorias obrigou-me, pouco depois, a dirigir-me a Brístol, ensejo que aproveitei para dar um pulo a Bath, pois estava longe de ser velha e continuava alegre como sempre. Sendo, além disso, uma mulher de haveres, embora sem fortuna, esperava que acontecesse alguma coisa que melhorasse a minha situação, como antes sucedera.

Bath é uma terra de cavalheirismo, de vida cara e cheia de ciladas. Para lá me dirigi, confesso, com a esperança de aproveitar qualquer boa oportunidade que se me oferecesse, mas, para ser justa comigo mesma, devo afirmar que não me norteavam más intenções, isto é, que as minhas esperanças eram honestas e, ao princípio, os meus pensamentos estavam longe de se inclinar para o caminho que, depois, lhes permiti tomar.





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