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Capítulo 2: A vida amorosa de Moll Flanders

Página 211
Uma manhã disse-me que ia fundir e perguntou-me se não queria que fundisse também a minha caneca, para não ser vista por ninguém. Disse-lhe que sim, de todo o coração, pesou-a e de- volveu-me todo o seu valor em prata, embora, como verifiquei, não pro- cedesse assim com os restantes clientes.

Pouco tempo depois, ao ver-me trabalhar muito melancolicamente, perguntou-me, como era seu costume, o que tinha. Respondi-lhe que o trabalho escasseava, que não tinha de que viver e não sabia que fazer. Riu-se e replicou-me que devia sair outra vez e tentar a minha sorte; talvez encontrasse outra peça de prata.

- Oh, mãe! - exclamei, magoada. - Não tenho habilidade para isso e, se fosse apanhada, estaria logo perdida.

- Podia recomendá-la a uma mestra que a faria tão perita como ela...

Tremi perante a tal proposta, pois até aí não tivera cúmplices nem relações de qualquer espécie no meio, mas ela soube vencer os meus receios e a minha vergonha e, em pouco tempo, com a sua ajuda, transformei-me numa ladra tão atrevida e hábil como a própria Moll Cutpurse, embora lhe ficasse a dever muito em beleza, se a fama dela não mente.

A «mestra» ensinou-me três modalidades da «arte», a saber: roubar lojas, roubar carteiras e roubar relógios de ouro às senhoras. Nesta última era ela tão exímia que nunca houve mulher capaz de atingir tal grau de perfeição. A primeira modalidade e a segunda agradavam-me muito e acompanhei-a durante algum tempo, como uma aprendiza ajuda uma parteira, sem qualquer remuneração.

Por fim passou-me da teoria à prática. Ensinara-me a sua arte e eu tirara-lhe algumas vezes o relógio com grande destreza, mas um dia indicou-me uma presa a sério, uma jovem grávida que tinha um relógio encantador. O «trabalho» foi feito ao sair da igreja.

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Capa do livro A Vida Amorosa de Moll Flanders
Páginas: 359
Página atual: 211

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
A vida amorosa de Moll Flanders 7