Depois da pouca sorte desta mulher de que falei não saí de casa durante muito tempo, pois não ignorava que, se tentasse alguma coisa e tivesse o azar de ser presa, ela lá estaria para testemunhar contra mim e, talvez, salvar a sua vida a troco da minha. Reflecti que o meu nome começava a ser muito conhecido em Old Balley, ainda que não me conhecessem o rosto, e que, se lhes caísse nas mãos, me tratariam como uma delinquente antiga. Por essa razão, estava resolvida a esperar que se decidisse o destino da pobre criatura antes de sair de casa, o que não me impediu de, por diversas vezes, lhe fazer chegar dinheiro às mãos, para amenizar o seu infortúnio .
Até que chegou o dia do julgamento. Declarou que não roubara a mercadoria, mas que uma tal Mrs. Flanders, como ouvira chamar-lhe (pois não a conhecia), lhe dera o embrulho à saída da loja e lhe pedira que o levas- se para sua casa. Perguntaram-lhe onde se encontrava essa Mrs. Flanders, mas não o soube dizer nem dar quaisquer informações a meu respeito. Como os homens do fanqueiro afirmaram positivamente que ela se encontrava na loja aquando do roubo, que deram imediatamente por falta da mercadoria, a perseguiram e a apanharam de posse do roubo, o júri declarou-a culpada. Mas o tribunal, considerando que não fora, de facto, ela a pessoa que roubara a mercadoria, tratando-se apenas de uma cúmplice secundária, e que era muito possível que não conseguisse localizar a tal Mrs.