A Vida Amorosa de Moll Flanders - Cap. 2: A vida amorosa de Moll Flanders Pág. 233 / 359

Conheciam-me todos por Moll Flanders, mas mesmo assim alguns supunham apenas que eu era essa personagem, não tinham a certeza. O meu nome tornara-se público no meio, mas ninguém sabia como encontrar-me nem fazia ideia se morava no lado leste se no oeste da cidade, ignorância de que dependia a minha segurança em situações semelhantes às que indiquei.

Depois da pouca sorte desta mulher de que falei não saí de casa durante muito tempo, pois não ignorava que, se tentasse alguma coisa e tivesse o azar de ser presa, ela lá estaria para testemunhar contra mim e, talvez, salvar a sua vida a troco da minha. Reflecti que o meu nome começava a ser muito conhecido em Old Balley, ainda que não me conhecessem o rosto, e que, se lhes caísse nas mãos, me tratariam como uma delinquente antiga. Por essa razão, estava resolvida a esperar que se decidisse o destino da pobre criatura antes de sair de casa, o que não me impediu de, por diversas vezes, lhe fazer chegar dinheiro às mãos, para amenizar o seu infortúnio .

Até que chegou o dia do julgamento. Declarou que não roubara a mercadoria, mas que uma tal Mrs. Flanders, como ouvira chamar-lhe (pois não a conhecia), lhe dera o embrulho à saída da loja e lhe pedira que o levas- se para sua casa. Perguntaram-lhe onde se encontrava essa Mrs. Flanders, mas não o soube dizer nem dar quaisquer informações a meu respeito. Como os homens do fanqueiro afirmaram positivamente que ela se encontrava na loja aquando do roubo, que deram imediatamente por falta da mercadoria, a perseguiram e a apanharam de posse do roubo, o júri declarou-a culpada. Mas o tribunal, considerando que não fora, de facto, ela a pessoa que roubara a mercadoria, tratando-se apenas de uma cúmplice secundária, e que era muito possível que não conseguisse localizar a tal Mrs.





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