De súbito, enquanto percorria a rua em Covent Garden, ouvi uma grande gritaria de «Agarra, que é ladrão! Agarra, que é ladrão!» Ao que parecia, alguns colegas meus tinham pregado uma partida a um lojista e, perseguidos, haviam fugido uns para um lado, outros para outro. Uma das componentes do grupo estava, diziam, vestida de viúva e, por isso, a populaça cercou-me e, enquanto uns diziam que era eu a pessoa, outros afirmavam que não era. Logo a seguir chegou o empregado do fanqueiro, o qual gritou, alto e bom som, ser eu a ladra e me agarrou. No entanto, quando a turba me levou à loja, o dono da casa afirmou não ser eu a 'mulher que estivera na sua loja e ter-me-ia deixado partir se um indivíduo não lhe dissesse, gravemente: «Deixe-a ficar até Mr.... (indicou o nome do caixeiro) voltar, pois ele conhece-a.» Assim me retiveram à força perto de meia hora. Entretanto tinham chamado um guarda, que ficou no estabelecimento como meu carcereiro e a quem perguntei onde vivia e o que fazia. O homem, sem imaginar o que a seguir se passaria, disse-me o nome, a ocupação e morada, acrescentando, de brincadeira, que ouviria com certeza falar do seu nome quando chegasse a Old Bailey.
Alguns empregados da loja trataram-me com insolência e só a muito custo evitei que me tocassem. O patrão foi mais delicado do que eles, mas, mesmo assim, não me deixou partir, embora admitisse não poder afirmar que anteriormente houvesse estado no seu estabelecimento.
Comecei a ficar irritada com ele e disse-lhe esperar não levasse a mal se depois lhe exigisse legalmente uma indemnização pelo enxovalho. Quis mandar chamar amigos para que me fosse feita justiça, mas negou-me tal liberdade, dizendo que fizesse tal pedido quando comparecesse perante o juiz de paz e acrescentando que, em virtude de o ameaçar, se encarregaria, entretanto, de me colocar a seguro em Newgate.
