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Capítulo 2: A vida amorosa de Moll Flanders

Página 285
Por sorte, a oficina vendia objectos de prata, além de os fazer para outras lojas. O intrometido riu-se das minhas palavras e enalteceu tanto o favor que fizera ao vizinho que afirmou encontrar-me ali, não para comprar, mas sim para roubar. Juntou-se gente, como de costume em tais casos, e eu disse ao dono da oficina, que entretanto tinham ido chamar, ser inútil fazer alarido e discutir ali o caso; o seu vizinho teimava que me encontrava ali para roubar e, portanto, havia de o provar. Insisti que fôssemos à presença de um magistrado sem mais discussões, pois começava a perceber que podia pregar um bom susto ao indivíduo que me agarrara.

O dono e a dona da oficina não se mostraram tão violentos como o homem do outro lado da rua, e o primeiro disse-me, até:

- Não nego que tenha entrado com boas intenções, minha senhora, mas parece-me que foi perigoso fazê-lo numa oficina do género da minha, vendo que não se encontrava ninguém. Para ser justo para com o meu vi- zinho, que foi tão prestável comigo, tenho 'de concordar que agiu dentro da razão, embora, valha a verdade, também não possa dizer que a senhora tenha tentado tirar qualquer coisa. Por isso não sei que fazer.

Voltei a insistir para que fôssemos à presença de um magistrado, acrescentando que de boa vontade me resignaria se se provasse que tinha intenção de roubar, mas que, em caso contrário, exigiria reparação pela ofensa.

Enquanto discutíamos e o povo se aglomerava à porta, passou Sir T. B., um vereador da cidade e também juiz de paz, e o prateiro foi à rua e rogou a sua senhoria que entrasse e decidisse o caso.

Diga-se em abono da verdade que o homem contou a história com muita justiça e moderação, ao passo que o indivíduo que me detivera contou a sua com tanto calor e facciosismo idiota que me beneficiou em vez de me prejudicar.

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Capa do livro A Vida Amorosa de Moll Flanders
Páginas: 359
Página atual: 285

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
A vida amorosa de Moll Flanders 7