Encontravam-se todos à mesa, menos o pai, e eu estava no meu quarto, doente. Ao princípio da conversa, logo após terem terminado o jantar, a senhora velha, que me mandara levar qualquer coisa de comer, ordenou à criada que fosse perguntar-me se queria mais, mas esta voltou do meu quarto com a notícia de que não comera nem metade do que me haviam servido.
- Pobre rapariga! -lamentou-me a velha senhora. - Receio que nunca mais se cure.
- Como quer que Mrs. Betty se cure? - perguntou-lhe o primogénito. - Dizem que está apaixonada?
- Não acredito nessa história - afirmou a mãe.
- Pois eu não sei que diga - confessou a mais velha das filhas.- Falaram tanto na sua beleza, nos seus encantos e sei lá em que mais, e ainda por cima de maneira que ela ouvisse, que estou convencida de que lhe deram volta à cabeça. Quem sabe quais podem ser as consequências de tal procedimento? Por mim, repito, ignoro.
- Deves concordar, mana, que ela é muito bonita - interveio Robin. - É isso que te mortifica.
- Ora, não é esse o caso! - replicou a jovem, desabrida. - A pequena sabe muito bem que é bonita, não precisa que lho digam para se tornar vaidosa.
- Não falávamos de ser vaidosa, mas de estar apaixonada -lembrou o mais velho. Talvez esteja apaixonada por si própria. Pelo menos as minhas irmãs parecem pensar que sim.
- Quem me dera que estivesse apaixonada por mim! - suspirou Robin. - Depressa a curaria das suas penas.
- Que queres dizer, filho? - perguntou-lhe a mãe. - Como podes falar assim?
- Ora, minha mãe - respondeu sinceramente o rapaz -, imagina que deixaria a pobre rapariga morrer de amor, e de um amor que estaria tão à mão?
- Que vergonha, mano! Como podes dizer tais coisas? - indignou-se a segunda irmã.