- Aceitarias para esposa uma criatura que não tem onde cair morta?
- Mas, pequena, beleza é dote, e dote duplo se lhe juntarmos boa disposição! - afirmou Robin, e calou-a com o seguinte: - Quem dera que tivesses metade de qualquer desses seus dons no teu dote!
- Parece-me que, se a Betty não está apaixonada, o meu irmão está, com certeza! - disse a mais velha. - Admira-me que não o tenha confessado à pequena, pois apostava que não diria que não.
- Aquelas que consentem quando lho pedem estão um passo à frente daquelas a quem nunca pediram que consentissem e dois passos à frente das que consentem antes de lho pedirem - replicou Robin. - É esta a resposta que te dou, mana.
Furiosa, a jovem desatou a barafustar e afirmou que as coisas tinham chegado a tal ponto que a atrevida - que era eu - devia ser posta fora; se o estado da sua saúde não permitia que o fizessem já, esperava ao menos que os pais pensassem nisso tão depressa pudesse ser mandada embora.
Robin respondeu que o assunto era da competência dos pais, como chefes de família, os quais não deviam receber lições de uma pessoa com tão pouco discernimento como a sua filha mais velha.
A discussão prolongou-se, a irmã barafustou, Robin troçou e provocou, mas quem perdeu muito terreno foi a pobre da Betty. Chorei desesperadamente ao ouvir o que se passava e a velha senhora veio ter comigo quando lhe contaram a aflição em que me encontrava. Queixei-me, disse-lhe que era muito duro para mim que os médicos me tivessem feito tal acusação, e mais duro ainda se se considerassem as circunstâncias em que me encontrava naquela casa. Esperava, acrescentei, nada ter feito para diminuir a sua estima por mim nem haver dado azo às disputas entre os filhos e as filhas, afirmei-lhe que tinha mais motivos para pensar num caixão que no amor e supliquei-lhe que não me condenasse, na sua opinião, pelos erros dos outros, mas apenas pelos meus.
