Concordou com a justiça das minhas palavras, mas pediu-me que, uma vez que houvera tal disputa entre os filhos e as filhas e o filho mais novo falara estouvadamente, fosse leal e lhe respondesse sinceramente a uma pergunta. Prometi-lhe que responderia de todo o coração e com a maior sinceridade e franqueza, e ela perguntou-me, então, se havia alguma coisa entre seu filho Robert e eu. Afirmei-lhe, com os mais veementes protestos de sinceridade, que não havia nem houvera nunca nada entre nós, que Mr. Robert brincara e troçara como ela sabia ser seu costume, mas eu considerara sempre as suas palavras, como por certo ele as considerava também, frases estouvadas, sem intenção nem significado. Repeti-lhe, por fim, não haver entre nós nem sombras do que ela imaginava e asseverei-lhe que quem insinuara tal coisa me fizera uma grande injustiça e não prestara nenhum serviço a Mr. Robert.
A boa senhora acreditou plenamente nas minhas palavras, beijou-me, falou-me alegremente e recomendou-me que tomasse cuidado com a minha saúde e pedisse tudo quanto precisasse. Deixou-me, mas, ao chegar ao andar inferior, encontrou o irmão e as irmãs numa grande discussão e as meninas furiosas por aquele lhes dizer que eram feias, que nunca tinham tido namorados, que nunca ninguém lhes pedira namoro e que elas eram tão atrevidas que quase invertiam os papéis e pediam elas. Lançava-lhes em cara as prendas de Mrs. Betty - como era bonita, como tinha bom génio, como cantava e dançava melhor que elas -, sem omitir nada que as pudesse humilhar. A mãe chegou no ponto culminante, exigiu-lhes silêncio, contou-lhes a conversa que tivera comigo e a minha afirmação de que nada havia entre Mr. Robert e eu.
- Engana-se - ripostou Robin -, pois se não houvesse muito entre nós, estaríamos mais perto um do outro do que estamos.
