Não tardei a perceber o significado das suas palavras e, uma manhã, abordei francamente o assunto e disse-lhe compreender o seu pensamento: que, administradas de longe, as suas propriedades pouco ou nada rendiam comparado com o que poderiam render se ele lá estivesse, como eu sabia ser seu desejo. Acrescentei compreender igualmente o ter ele ficado decepcionado com a esposa que arranjara e, nessas circunstâncias, achar que, para o compensar da decepção da minha pobreza, o menos que podia fazer era dizer-lhe que de bom grado o acompanharia à Virgínia, para lá vivermos.
Disse-me mil palavras simpáticas como agradecimento de tal proposta da minha parte e afirmou que, embora decepcionado nas suas esperanças de fortuna, o não estava com a mulher que arranjara, que eu era para ele tudo quanto uma esposa podia ser e que, no conjunto, estava mais que satisfeito. A minha proposta, acrescentou, era tão amável que não sabia como exprimir os seus sentimentos e a sua gratidão.
Em resumo, concordámos em partir. Meu marido disse-me possuir na Virgínia uma boa casa mobilada com tudo quanto era preciso, onde viviam. a mãe e uma irmã, única família que lhe restava, mas que aquelas, tão de- pressa chegássemos, se mudariam para outra casa, propriedade da mãe enquanto ela vivesse e que seria dele por sua morte, de maneira que eu tivesse uma casa só minha. E assim aconteceu exactamente.
Numa palavra, pusemos a bordo do barco que nos levaria uma grande quantidade de bons móveis para a nossa casa, assim como roupas e outras coisas necessárias e um bom carregamento para vender, e partimos.
Dar conta da maneira como decorreu a nossa viagem, que foi longa e cheia de perigos, está fora das minhas possibilidades; nem eu nem meu marido escrevemos nenhum diário de bordo.
